A evolução dos sistemas de custos de uma empresa reflete uma mudança de paradigma métodos simples de alocar custos para abordagens mais complexas, orientadas por estratégias, tecnologias e sustentabilidade.
Foi em 1920, no auge da linha de montagem de Henry Ford, onde proliferavam os Ford T de cor preta, que se desenvolveram as práticas contábeis tradicionalmente aceitas e utilizadas para o custeio dos produtos. A maneira de custear as despesas indiretas (aluguéis, mão de obra indireta, materiais indiretos etc.) não trazia maiores dificuldades naquela ocasião, dado que havia pequena diversificação de produtos, como no caso da produção dos Ford T. Nessa época, as despesas indiretas representavam no máximo 10% do custo fabril. De lá para cá ocorreram algumas mudanças importantes, tais como: a extensa variedade de produtos com volumes e complexidades variadas e os custos logísticos.
A seguir, descrevo as principais etapas da evolução do sistema de custos:
- Sistema de Custeio Tradicional: os custos diretos são atribuídos diretamente aos produtos, enquanto os custos indiretos são alocados com base em rateios.
- Custeio Variável: separa os custos fixos dos custos variáveis. Os custos fixos são tratados como despesas do período, enquanto apenas os custos variáveis são alocados aos produtos. Isso permite uma análise mais clara das margens de contribuição e ajuda na tomada de decisões relacionadas ao mix de produtos.
- Custeio Baseado em Atividades (ABC): ganhou destaque na década de 1980. Ele reconhece que as atividades da empresa consomem recursos, que por sua vez geram custos. O ABC aloca os custos indiretos com base nas atividades que realmente consomem recursos, proporcionando uma visão mais precisa dos custos dos produtos e processos.
- Custeio Baseado em Tempo (TDABC): é considerado como uma evolução do ABC, esse método simplifica o processo, estimando o tempo necessário para realizar atividades e atribuindo os custos com base nesse tempo estimado. Isso torna o processo de alocação de custos mais eficiente.
- Custeio Estratégico e Margem de Contribuição: além de apenas alocar custos, os sistemas modernos de custeio também se concentram em análises estratégicas. As empresas buscam entender como diferentes produtos, segmentos de clientes e canais de distribuição contribuem para a lucratividade global. A análise da margem de contribuição ajuda a identificar quais produtos ou serviços são mais lucrativos e quais podem precisar de ajustes.
- Tecnologia e Automação: a tecnologia desempenhou um papel importante na evolução dos sistemas de custos. Software avançado de contabilidade de custos e sistemas de gestão integrados permitem a coleta, análise e relatórios automatizados de dados de custos. Isso agiliza o processo de tomada de decisões e fornece informações em tempo real.
- Custeio com Base em Atividade Operacional (OABC): combina o custeio baseado em atividades com métricas operacionais e financeiras. Isso ajuda a entender como as atividades operacionais afetam os custos e a lucratividade, permitindo uma abordagem mais holística na gestão de custos.
- Custeio Ambiental e Social: com a crescente preocupação com questões ambientais e sociais, muitas empresas estão incorporando os custos ambientais e sociais em seus sistemas de custos. Isso inclui a consideração dos impactos ambientais nas atividades de produção e a avaliação dos custos associados a práticas sustentáveis.
Vimos que a evolução do sistema de custos nas empresas ao longo do tempo reflete a busca contínua por métodos mais precisos e eficientes para medir, analisar e gerenciar os custos relacionados à produção e à operação. A gestão de custos desempenha um papel crucial na tomada de decisões estratégicas, alocação de recursos e determinação de preços, afetando diretamente a lucratividade e a competitividade das empresas.
Entretanto, o sistema de custeio tradicional é o único aceito perante a legislação contábil porque atende aos princípios contábeis da realização da receita, da competência e da confrontação. Portanto, a empresa que desejar outro sistema de custeio fazê-lo mediante controles e relatórios distintos, em complemento à informação contábil. Mas esse é o assunto da próxima publicação: Apenas um sistema de custeio não basta.