O receio é que o capital investido seja consumido rapidamente e não traga nenhuma melhoria significativa para a empresa. No jargão do mercado dizemos que o capital pode “virar pó”.
Essa é uma dúvida frequente de muitos empresários na hora de fazer um aporte de capital na empresa.
Para minimizar tal risco é preciso fazer uma análise cuidadosa do desempenho da empresa no momento. Tal análise baseia-se na demonstração do resultado, no balanço patrimonial e no fluxo de caixa da empresa. Com isso, vários índices podem ser calculados, permitindo uma ampla avaliação de certos aspectos de desempenho, tais como: risco e retorno.
A função do balanço patrimonial é apontar como uma empresa está empregando os recursos financeiros disponíveis e quais são as fontes de financiamento. Em outras palavras, ele nos dá uma informação sobre a estrutura financeira da empresa em um dado momento. O balanço é composto pelos direitos da empresa, que são os ativos; e pelas obrigações da empresa, que são os passivos. Os ativos da empresa mostram detalhadamente como está aplicado todo o capital disponível. Já os passivos, indicam quais são as fontes que financiam a empresa. O capital próprio, também chamado de patrimônio líquido, é uma conta do balanço que merece especial atenção. Pois, para que a empresa seja eficiente, o lucro ao final de um período deve ser suficiente para remunerar bem o capital próprio, que é o capital dos sócios da empresa.
Já a análise das demonstrações financeiras permite que se faça uma avaliação relativa da situação econômico-financeira de uma empresa em determinado período. Tal análise baseia-se na demonstração do resultado e no balanço patrimonial da empresa, correspondentes ao período a ser examinado. Com isso, vários índices podem ser calculados, permitindo uma ampla avaliação de certos aspectos de desempenho, tais como: risco e retorno.
Para que uma empresa seja considerada com boa situação econômico-financeira, ela tem que ser aprovada em quatro pontos fundamentais: liquidez, atividade, lucratividade e endividamento.
- Liquidez – Através dos índices de liquidez, pode-se medir a capacidade da empresa em honrar suas obrigações na data do vencimento. A análise da liquidez é muito importante, pois, se for constatado que a empresa vem apresentando dificuldade em honrar seus compromissos, é melhor agir rápido, senão o custo financeiro irá comprometer os resultados futuros.
- Atividade – Os índices de atividade medem a rapidez com que várias contas são transformadas em vendas ou caixa na empresa. Através da análise da atividade, pode-se dimensionar melhor o estoque da empresa e a necessidade de capital de giro. Como também analisar a eficiência da política de crédito e cobrança.
- Lucratividade – Tais medidas servem para avaliar o desempenho econômico da empresa. Deve-se analisar a lucratividade em relação às vendas e a lucratividade em relação ao capital próprio investido na empresa. Quando apuramos o lucro líquido de uma empresa, temos que fazer a seguinte pergunta: o lucro apurado é suficiente para remunerar o capital investido na empresa? Como dizia Adam Smith: “uma empresa tem que produzir um retorno mínimo, competitivo sobre o capital nela investido”.
- Endividamento – A posição do endividamento da empresa indica o montante de dinheiro de terceiros que está sendo usado na tentativa de gerar lucros. Os credores atuais e futuros da empresa são bastante interessados no grau de endividamento da mesma. Pois quanto maior o endividamento atual, menor será a chance de que a empresa consiga novos financiamentos.
Na análise da lucratividade temos que prestar atenção aos três níveis de lucro que a empresa apresenta: lucro bruto, lucro operacional e lucro líquido, que aparecem na demonstração gerencial de resultados da seguinte maneira:
Receita bruta de vendas
( – ) Encargos sobre vendas
( = ) Receita líquida
( – ) Custo dos produtos vendidos
( = ) Lucro bruto
( – ) Despesas gerais e administrativas
( = ) Lucro operacional
( – ) Despesas financeiras
( + ) Receitas financeiras
( = ) Lucro líquido
Ao se analisar a evolução do lucro bruto de uma empresa, deve-se buscar as causas das variações, quando as mesmas forem significativas. Se a empresa apresenta uma queda no lucro bruto, não adianta colocar capital antes de analisar com cuidado e corrigir o que estiver errado. A queda no lucro bruto pode ser originada por: (1) queda do preço de venda devido ao acirramento da concorrência, (2) redução no volume de vendas e, consequentemente uma menor diluição dos custos fixos de produção, (3) elevação dos preços de matéria-prima, (4) compra ineficiente de matéria-prima e (5) perda de eficiência na produção. O problema dever ser identificado e resolvido imediatamente. Por exemplo, se o problema for elevação dos preços da matéria-prima, o empresário deve procurar melhores negociações dos preços com os fornecedores atuais ou procurar novos fornecedores, ou ainda, matérias-primas alternativas.
Por outro lado, se o lucro bruto da empresa estiver em níveis satisfatórios e o lucro operacional estiver em queda, quer dizer que o custo de estrutura da empresa está elevado e o empresário deve definir ações para reduzir tal custo antes de colocar mais capital na empresa.
Faça uma análise cuidadosa de todos os ativos da sua empresa. Acompanhe a evolução do estoque. Analise a política de créditos da empresa e tenha uma cobrança eficiente. Quanto ao imobilizado, verifique se todos os componentes são rentáveis, caso contrário, faça-os rentáveis ou desfaça deles o mais rápido possível. Nunca descuide do caixa da empresa. Ao adquirir máquinas e equipamentos para expansão, faça antes um bom estudo de viabilidade. Também é fundamental a existência de um rigoroso controle das informações financeiras da empresa, pois as medidas financeiras indicam se a estratégia adotada por uma empresa está realmente contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros. Efetue melhorias operacionais e os números irão refletir positivamente.
Enfim, só é viável investir capital na empresa se forem tomados os cuidados acima, senão o risco do dinheiro “virar pó” é muito grande.